Por que a Europa interromper as vacinas AstraZeneca pode ser política

“Foi um golpe terrível para a autoconfiança da Europa, eu diria, no cenário internacional”, disse Johan Norberg, um historiador baseado na Suécia que escreveu sobre a resposta do continente à pandemia. “Sempre temos essa tendência de nos refugiarmos em nossa própria política nacional.”

Essas considerações políticas varreram o continente nos últimos dias, depois que alguém na Áustria que recebeu a vacina AstraZeneca morreu após desenvolver coágulos sanguíneos. Um pequeno acontecimento, porém, levou aquele país, no início de março, a interromper o uso de um lote dessa vacina. Outros países logo seguiram o exemplo, alertando sobre quaisquer novos relatos de coagulação do sangue, por mais raros que fossem.

Nos últimos dias, a ministra da Saúde da Espanha, Carolina Dorias, conversou com seus colegas de todo o continente, de acordo com uma autoridade do ministério, que pediu para não ser identificada porque as discussões eram privadas. Um caso de trombose foi detectado na Espanha no último fim de semana, e algumas regiões pararam de distribuir um lote de vacinas AstraZeneca devido a questões de segurança.

Mas a principal motivação era política.

A França também pareceu ceder à pressão para agir em uníssono com seus vizinhos poderosos. Ela vinha contando com a vacina AstraZeneca para acompanhar as vacinas após seu início glacial, e Olivier Véran, o ministro da saúde da França, disse há poucos dias que “não havia razão para interromper”.

Mas depois que a Alemanha deixou suas intenções claras e públicas, Macron teve que escolher entre seguir o exemplo ou ser um estranho. E então, na terça-feira, Véran mudou de tom. A França, disse ele ao Parlamento, tinha que “ouvir a Europa, ouvir todos os países europeus”.

Esse era o tipo de coisa que Speranza, o ministro da Saúde da Itália, esperava que acontecesse depois de falar com seu homólogo na Alemanha, em uma discussão que foi contada por um oficial italiano com conhecimento do assunto.

Quando Speranza levantou a questão com o primeiro-ministro Draghi, ele apontou para a pressão pública insuportável que a Itália enfrentaria se usasse uma vacina considerada muito perigosa para a Europa por conta própria.

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