Últimas Notícias

O Brasil é famoso por sua carne. Mas o vegetarianismo está aumentando.

RIO DE JANEIRO – Depois de anos preparando grandes refeições veganas para um ashram nas montanhas fora do Rio de Janeiro, Luiza de Marilac Tavares ficou chateada e desempregada quando a pandemia forçou o fechamento do centro.

Ele começou a cozinhar em casa, na esperança de sobreviver recebendo pedidos de pessoas que conhecia. Em vez disso, os pedidos de sua comida requintada dispararam: com um pouco Marketing no InstagramSem perceber, ele aproveitou a crescente demanda por alimentos de origem vegetal no Brasil.

O país, que é o o maior exportador mundial de carne bovina, viu uma mudança dramática em direção a dietas à base de plantas. O número de autodeclarados vegetarianos no Brasil quase dobrou em um período de seis anos, segundo levantamento do Ibope; 30 milhões de pessoas, ou 14% dos brasileiros, relataram ser vegetarianos ou veganos em 2018.

A Sra. Tavares, uma Hare Krishna que descreve cozinhar como um ato sagrado que a aproxima de Deus, diz: “Há uma mudança na consciência em andamento.”

Mas o aumento da demanda vai muito além do conjunto namaste.

Os supermercados convencionais agora estocam alimentos feitos de proteína vegetal junto com suas carnes, aves e peixes. E nos bairros mais badalados das grandes capitais, restaurantes que dão tanta atenção ao ambiente quanto o cardápio servem pratos engenhosos sem carne para um público casual.

Essa transformação transformou a nação de 212 milhões de pessoas, mundialmente reconhecida por suas churrascarias à vontade e cada vez mais afetada pela pegada de carbono de suas fazendas de gado, em uma potência de inovação alimentar com base em plantas.

As startups brasileiras de alimentos à base de plantas viram um aumento na demanda desde que os análogos da proteína animal se tornaram amplamente disponíveis em 2019 em supermercados e restaurantes. Seus fundadores prevêem que dentro de alguns anos os consumidores não serão capazes de distinguir entre um hambúrguer de carne e um feito com proteína de ervilha, suco de beterraba e amido de batata.

“Estamos passando por uma revolução”, disse Bruno Fonseca, cofundador da New Butchers, uma das várias startups brasileiras que fazem réplicas vegetais de proteínas de origem animal, incluindo hambúrgueres, alternativas de peito de frango e imitação de salmão. .

O afastamento das proteínas de origem animal se deve principalmente a questões de saúde, dizem os especialistas. Obesidade, diabetes e doença cardiovascular aumentou no Brasil nos últimos anos, à medida que as pessoas adotaram estilos de vida mais sedentários e A comida lixo tornou-se mais barata e acessível.

O aumento do desmatamento, grande parte do qual é impulsionado pela indústria da carne, e um movimento cada vez mais visível pelos direitos dos animais, são fatores secundários que levam os brasileiros a reduzir ou eliminar os produtos de origem animal de suas dietas.

Há alguns anos, abrir mão da carne era impensável para a grande maioria dos brasileiros. Feijoada, prato nacional, é um guisado feito com feijão e porco. Os churrascos de fim de semana onde as famílias e amigos se reúnem por horas para espalhar bifes generosos, frango e linguiça são um ritual reverenciado em todo o país.

“Comer é a coisa mais cultural que existe”, disse Gustavo Guadagnini, diretor-gerente do Good Food Institute Brasil, que apóia empresas que produzem alternativas à base de plantas. “É sobre a região de onde você é, as receitas de família.”

Até recentemente, Guadagnini dizia que sugerir que os brasileiros parassem de comer carne significava pedir-lhes que abrissem mão de uma parte fundamental de sua identidade.

“Agora oferecemos os mesmos alimentos que as pessoas estão acostumadas a comer, mas de uma forma que depende de novas tecnologias”, disse. “Eles podem tomar a decisão sem muita dificuldade.”

Os defensores das dietas vegetarianas e veganas no Brasil pedem que as pessoas comecem com pequenas mudanças, como o Meatless Mondays.

Sandra Lopes, CEO da Mercy for Animals, supervisiona uma equipe que conduz investigações secretas sobre práticas abusivas em fazendas de alimentos. Mas, além das táticas convencionais de nomeação e vergonha, o Mercy for Animals teve um sucesso considerável no recrutamento de distritos escolares e empresas interessadas em reduzir a quantidade de carne animal que servem.

Várias escolas públicas em todo o país concordaram em reduzir a proteína de origem animal em 20 por cento, geralmente eliminando-a inteiramente um dia por semana, disse Lopes. Isso expõe as crianças a alternativas veganas desde tenra idade e dá às autoridades locais a satisfação de apoiar um segmento da indústria de alimentos que opera de forma mais sustentável.

“Não estamos fazendo um pedido radical”, disse Lopes. “E as crianças gostam da comida que é servida.”

Grupos como o Mercy for Animals, que abriu um escritório no Brasil em 2015, encontraram aliados poderosos entre algumas das maiores celebridades do país.

Anitta, uma das artistas mais importantes do Brasil, ele diz que tem Ele reduziu drasticamente o consumo de carne por preocupação com o impacto ambiental.

Felipe Neto, um videoblogger e empresário Com mais de 40 milhões de assinantes no YouTube, ele anunciou no ano passado que estava se tornando vegetariano quando o Brasil gerou indignação global por causa de uma temporada de incêndios anormalmente destrutiva na Amazônia.

“Você conhece aquela sensação de quando você está fazendo algo errado, você sabe que é errado e suas consequências pesam em sua consciência.” disse ano passado, explicando sua decisão.

A celebridade vegana mais militante do Brasil é o apresentador de televisão Xuxa Meneghel, cujo show de variedades diurno causou sensação em toda a América Latina na década de 1990. Meneghel, 57, atribuiu sua dieta vegana ao aumento de seu nível de energia e libido. Mas ela disse que assistir a documentários como “Cowspiracy” e “What the Health” a convenceu de que comer animais não é apenas prejudicial à saúde, mas inconcebível.

“Peço às pessoas que reconsiderem o costume de comemorar aniversários e encontrar amigos com animais mortos em um prato”, disse ele por e-mail. “Eu realmente gostaria que as pessoas reduzissem o consumo de cadáveres.”

As empresas que confiaram no amor dos brasileiros por carne perceberam a mudança nas opiniões e no apetite e começaram a entrar no mercado de vegetais cada vez mais lotado.

Outback Steakhouse, uma das redes de restaurantes mais populares do Brasil, no início deste ano ele lançou um hambúrguer feito com brócolis e couve-flor.

Com sede no Brasil, JBS, maior empresa de processamento de carne do mundo, que está sob fogo por seu papel no desmatamento ilegal Na Amazônia, lançou no ano passado uma linha de produtos à base de plantas que são comercializados por terem a mesma textura e sabor das carnes.

A empresa afirma que expandir este setor é a única maneira de alimentar humanos de forma sustentável nas próximas décadas.

“O mundo terá quase 10 bilhões de pessoas em 2050, então a demanda por alimentos aumentará e será necessário oferecer alternativas”, disse a empresa em comunicado por e-mail. “A estratégia de proteína vegetal da JBS busca oferecer novas alternativas aos consumidores, sejam eles veganos, vegetarianos ou flexitarianos”.

Marcos Leta, fundador da Fazenda Futuro, que em 2019 se tornou a primeira grande start-up brasileira a vender carnes vegetais em supermercados, estudou a cadeia produtiva da indústria de carnes do país e seus modelos de exportar e acredita que o Brasil tem potencial para se tornar um grande exportador de alimentos de origem vegetal.

Leta gosta que seus produtos sejam expostos em supermercados ao lado de pacotes de peito e costela de frango congelados. Ele diz que é apenas uma questão de tempo até que ele e seus concorrentes possam produzir em uma escala que torne seus produtos competitivos com carne e frango baratos.

“Minha competição são os açougueiros”, disse Leta, que disse que atualmente come carne principalmente como parte dos esforços de pesquisa e desenvolvimento para trazer o sabor e a textura de sua comida mais perto do original. “A missão da empresa é, em algum momento no futuro, tornar obsoletos os frigoríficos.”

Leta disse que sua empresa está progredindo em direção a esse objetivo. Recentemente, começou a exportar seus produtos, que incluem bolinhos, carne moída e embutidos, para a Holanda. Assinou acordos de distribuição no Reino Unido, Alemanha e vários países da América Latina.

A Sra. Tavares, 61, que tem trabalhado longas horas para produzir cerca de 400 refeições por semana com a ajuda dos cozinheiros do templo Hare Krishna no Rio de Janeiro, onde ela adora, revira os olhos com a menção destes startups se esforçando para criar imitações de carne.

Mas ele admite que podem ser um trampolim para muitos descobrirem a riqueza e o prazer que ele encontrou em cozinhar e comer alimentos à base de plantas que parecem e têm gosto de plantas.

“Quando você se torna vegetariano, é como se uma chave tivesse mudado”, disse ele. “Você começa a ver as coisas de forma diferente.”

Lis Moriconi contribuiu com reportagem do Rio de Janeiro.



Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo